Recentemente, muito se tem discutido sobre monumentos em cidades e seus significados. A conversa, no entanto, não é simples: não se trata apenas de decidir qual estátua fica e qual é derrubada, ou quem é ou não homenageado.
“TEBAS FIM” Colagem com uma estatua de metal surgindo sobre o quadro de uma São Paulo colonial. No rosto da estátua, o rosto de Joaquim Pinto de Oliveira, o tebas, uma das figuras mais emblemáticas da arquitetura colonial brasileira. Flores saem na altura do ombro da estátua e vão descendo pelo corpo. No canto superior direito, a pintura de um querubim segurando uma bandeira azul e branca, com os dizeres “S. Paulo”
Trata-se de uma representação do pensamento social que se quer construir. Em São Paulo, assim como em muitas cidades, buscava-se criar uma noção eurocentrada da história, apagando figuras negras de suas narrativas. Os monumentos são uma materialização e documentação desse processo. Enquanto a elite conservadora construía esse imaginário, a partir dos meios de comunicação, da literatura, da legislação, de projetos de cidades e estátuas, baseado em um pensamento racista, os movimentos negros sempre se mobilizaram no sentido de criação de vida e resistência.
“Ama de Leite” Colagem em preto e branco do “Monumento à Mãe Preta” sobre uma foto do Largo Paissandu em meados de 1970. O Monumento possui colagem de braços, que abraçam uma garota negra, que deita no colo da estátua enquanto lê uma revista.
No último século, na cidade de São Paulo, temos monumentos que são marcantes no entendimento dessa discussão: alguns deles são “Monumento à Mãe Preta”, “Marco Sincrético da Cultura Afro-brasileira” (conhecido como “Emblema de São Paulo”) e “Joaquim Pinto de Oliveira”.

“Rubens Valentim”
Colagem de fotos de pessoas em preto e branco, sobre a imagem de uma praça de São Paulo em meados de 1960. Ao centro da imagem, se projeta o Marco Sincrético da Cultura Afro-brasileira, também conhecido como "Emblema de São Paulo"
Para ver o conteúdo completo do texto do Coletivo Cartografia Negra
acesse https://bit.ly/2Z7xsg8 .
As imagens são de autoria da artista Gê Viana
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Este conteúdo integra a programação “Monumentos, história e debate” realizada pelas unidades do Sesc Carmo, Sesc 24 de Maio e Sesc Florêncio de Abreu, que se juntaram para compor ações diversas acerca do tema, com o intuito de trazer à tona a discussão sobre representatividade, apresentando as disputas de espaço na memória da cidade. Esse projeto integra a ação Do 13 ao 20 (Re)Existência do Povo Negro, do Sesc São Paulo.