O EFEITO DO VINHO COMO CARDIOPROTETOR
O consumo moderado de vinho tinto parece ser cardioprotetor, possivelmente afetando a microbiota intestinal, ao promover o aumento e a diversidade de bactérias responsáveis pela produção de ácidos graxos (AGCC).
26.10.23
Essas bactérias têm funções benéficas no metabolismo de glicídicos e lipídicos e, principalmente, ação anti-inflamatória.
A conclusão é de uma pesquisa publicada no The American Journal of Clinical Nutrition (AJCN), promovida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Universidade de Verona, na Itália, o Centro de Saúde e Biorecursos (Áustria) e a Universidade de Harvard (Estados Unidos).
O estudo randomizado, cruzado e controlado envolveu 42 homens, com média de idade de 60 anos, portadores de doença arterial coronariana.
Durante três semanas, eles consumiram 250 ml de vinho tinto e, depois, passaram por um período igual de abstinência da bebida.
Exceto pela inclusão de álcool em suas calorias durante o período de intervenção, não houve diferenças significativas no consumo de outros macronutrientes ou micronutrientes dos dois períodos de intervenção.
Segundo Elisa Haas, cardiologista e coordenadora da pesquisa, o efeito potencialmente cardioprotetor do vinho tinto ocorre “por envolver modulações do metabolismo redox e da microbiota intestinal, e por conter competidores de colina e carnitina, podendo assim reduzir n-óxido de trimetilamina (o TMAO) plasmático.
Porém, os efeitos desse consumo ainda não são totalmente compreendidos”.
Conforme os pesquisadores, análises anteriores mostraram que a ingestão moderada da bebida demonstrou ser capaz de reduzir o estresse oxidativo da mucosa do cólon de roedores e, em homens saudáveis, aumentou as concentrações plasmáticas e de polifenóis LDL, bem como a atividade antioxidante.
Assim, a modulação da microbiota intestinal pode contribuir para os supostos benefícios cardiovasculares desse consumo moderado.
“A baixa concordância intraindividual do TMAO apresenta desafios quanto ao seu papel como biomarcador de risco cardiovascular em nível individual”. O estudo apresenta algumas limitações: não houve confirmações dos resultados por testes diretos de amostras, mas, sim, por meio de consumo autorreferido e da devolução de garrafas vazias.
Como os voluntários foram acompanhados por um período curto, os resultados obtidos podem não refletir os efeitos de longo prazo. Além disso, não foi possível garantir que as alterações do metabolismo energético ocorreram apenas pelas influências polifenólicas ou do vinho na microbiota intestinal. Confira o artigo completo em https://ajcn.nutrition.org/article/S0002- 9165(23)03687-0/fulltex
Fonte: Revista Ser médico