Governador quer alterar a lei orgânica da Polícia Civil. Não seria hora de reestruturar a Polícia Militar também?
Centro de SP, 04 de Fevereiro de 2025
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) iniciou 2025 com uma proposta controversa do governo Tarcísio de Freitas para alterar a lei orgânica da Polícia Civil. O projeto visa modernizar a instituição e torná-la mais eficiente, mas enfrenta resistência de sindicatos e alguns aliados do governador.
Aliados do Governo: Os deputados da base governista, como Delegado Olim (PP) e Delegada Graciela (PL), apoiam a proposta acreditando que a reestruturação promoverá a eficiência e modernização da Polícia Civil. Eles argumentam que a redução de cargos e a otimização de recursos são essenciais para melhorar a gestão e combater a corrupção na corporação.
Oposição: Deputados da oposição, incluindo Paulo Reis (PT) e sindicalistas, estão contra a proposta. Eles veem a participação de Fraide Sales, coronel reformado do Exército, como uma intervenção militar na corporação civil. Além disso, a oposição critica a falta de diálogo com os representantes dos policiais civis e a ausência de propostas claras para melhorar os salários e as condições de trabalho.
Deputados Neutros: Alguns deputados, como Rodrigo Gambale (PSL) e Carla Morando (PSDB), ainda estão avaliando a proposta. Eles aguardam mais informações e prometem analisar o texto final antes de definir sua posição. Esses deputados enfatizam a necessidade de um debate aberto e transparente para garantir que a reestruturação atenda às reais necessidades da Polícia Civil.
Papel do Presidente da Alesp e do Líder do Governo: O presidente da Alesp, André do Prado (PL), tem um perfil conciliador e busca equilibrar as discussões entre os diferentes lados. Ele se comprometeu a garantir que a pauta de votações seja justa e que todas as vozes sejam ouvidas. Por outro lado, o líder do governo na Alesp, Gilmaci Santos (Republicanos), está trabalhando intensamente para obter apoio para os projetos do governo, buscando convencer os deputados indecisos sobre os benefícios da reestruturação.
A proposta de reestruturação é apresentada pelo governo como uma resposta aos recentes casos de corrupção na Polícia Civil, incluindo a prisão de delegados ligados ao PCC pela Polícia Federal. Além disso, o governo espera que a modernização da corporação seja vista como um contraponto às políticas federais do ministro Ricardo Lewandowski (Justiça), criticadas por setores bolsonaristas.
Argumentos Contra:
- Intervenção Militar: A indicação de Sales é vista como intervenção militar.
- Falta de Representação: Policiais civis sentem que suas demandas não estão sendo ouvidas.
- Histórico de Conflitos: A escolha de Derrite é vista como favoritismo à Polícia Militar.
- Descontentamento com Salários: Policiais reivindicam melhores salários e condições de trabalho.
Argumentos a Favor:
- Modernização: A reestruturação visa modernizar e tornar a Polícia Civil mais eficiente.
- Redução de Cargos: A proposta busca otimizar recursos e melhorar a gestão.
- Combate à Corrupção: A medida é uma resposta aos recentes casos de corrupção na corporação.
- Apoio de Aliados: O governo conta com apoio de deputados da base e da oposição.
Os delegados que se opõem ao projeto de reestruturação da Polícia Civil em São Paulo são liderados pelo Sindicato dos Delegados de São Paulo (Sindpesp). A presidente do sindicato, Jacqueline Valadares, tem sido uma das vozes mais críticas ao governo Tarcísio de Freitas, especialmente em relação à falta de reajustes salariais e à ausência de representantes da Polícia Civil no grupo de trabalho que discute a lei orgânica.
Além disso, o deputado federal Delegado Palumbo (MDB) também se manifestou contra a falta de representação da categoria e criticou a escolha de um coronel da reserva do Exército para coordenar as discussões.
Conclusão: A Assembleia Legislativa de São Paulo enfrenta um debate acirrado sobre o futuro da Polícia Civil. Com a resistência de sindicatos, oposição e até alguns aliados do governo, o desfecho desta discussão será crucial para a segurança pública do Estado e o futuro político do governador Tarcísio de Freitas.
Nota do Editor:
Não seria a hora de também incluir um projeto de reestruturação da Polícia Militar, que vem sendo muito criticada nos últimos anos, e agora vem caindo no fundo do poço, com as supostas ligações de policiais militares com o PCC e as Milícias do Brás ?
De acordo com as informações mais recentes, 17 policiais militares foram presos por suposta ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Eles estão envolvidos em uma investigação que apura a morte do empresário Vinícius Gritzbach, delator da facção criminosa.
Ainda,
Milícias do Brás: A Extorsão no Coração de São Paulo
Recentemente, a região do Brás, no centro de São Paulo, tem sido alvo de investigações devido à atuação de milícias que extorquiam ambulantes e comerciantes. A Operação Aurora, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), resultou na prisão de 16 pessoas, incluindo policiais militares e civis, revelando um esquema complexo de extorsão, lavagem de dinheiro e intimidação.
A Atuação das Milícias
As milícias no Brás atuavam cobrando propinas dos ambulantes para permitir que eles vendessem seus produtos na região, que é o maior centro de comércio popular do país. Os comerciantes, muitos deles imigrantes de países como Bolívia, Paraguai e Haiti, eram obrigados a pagar valores exorbitantes, como R$ 15 mil por ano e R$ 300 por semana, para operar na área. Aqueles que se recusavam a pagar ou atrasavam os pagamentos enfrentavam ameaças e agressões físicas.
A Infiltração Policial
A investigação revelou que a rede de extorsão contava com a participação de policiais militares e civis, que garantiam a proteção das atividades ilícitas em troca de parte dos lucros. A presença de autoridades policiais envolvidas no esquema aumentava o medo entre os comerciantes, que se sentiam desprotegidos e sem para onde recorrer. A atuação violenta dos agiotas, que contratavam policiais militares para cobrar dívidas de forma brutal, também foi uma das práticas desvendadas pela operação.
Impacto na Economia Local
O esquema de extorsão não apenas prejudicava os comerciantes, mas também afetava a economia local. Muitos ambulantes foram obrigados a abandonar suas atividades devido à incapacidade de arcar com as propinas, resultando em uma redução da oferta de produtos e aumento de preços para os consumidores. Além disso, o ambiente de medo e insegurança afastava clientes e investidores, dificultando o desenvolvimento econômico da região.
Respostas das Autoridades
O Secretário de Segurança Pública, Capitão Guilherme Derrite, afirmou que as investigações continuam e que não haverá tolerância para a corrupção dentro das forças de segurança. Ele destacou que a atuação das milícias no Brás é um desafio significativo, mas que o governo está comprometido em combater o crime organizado e proteger os cidadãos. Em janeiro de 2025, Derrite anunciou um reajuste salarial para os policiais militares, visando valorizar o trabalho deles e melhorar a moral da corporação.
Desafios para o Futuro
A Operação Aurora expôs a necessidade urgente de reformas nas instituições de segurança pública para prevenir a infiltração de milícias e combater a corrupção. Especialistas sugerem a implementação de medidas mais rigorosas de controle interno, maior transparência nas ações policiais e programas de proteção para testemunhas e denunciantes. A confiança da população nas autoridades é essencial para o sucesso dessas iniciativas.
Conclusão
A atuação das milícias no Brás é um lembrete dos desafios enfrentados por grandes centros urbanos no combate ao crime organizado e à corrupção. A resposta das autoridades até agora tem sido promissora, mas o caminho para restaurar a segurança e a confiança na região ainda é longo. A sociedade espera que as investigações levem a uma mudança real e duradoura, beneficiando tanto os comerciantes quanto a população em geral.