O Parque São Jorge viveu mais uma noite tensa em sua já longa lista de episódios políticos. Na reunião desta segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Corinthians aprovou o afastamento de Augusto Melo da presidência do clube. Foram 176 votos a favor da saída e 57 contrários, além de uma abstenção. Mas a decisão ainda não é final. O destino do dirigente agora está nas mãos dos sócios.
O vice-presidente Osmar Stabile assume o clube interinamente e terá até cinco dias para convocar uma assembleia extraordinária com os associados. A expectativa é que a votação ocorra em cerca de um mês. Se os sócios aprovarem o impeachment, o processo será encerrado e uma nova eleição entre conselheiros definirá o sucessor. Caso Augusto renuncie antes disso, Stabile permanece até o fim de 2026.
A briga segue
Augusto Melo não participou da reunião. Preferiu fazer um discurso antes do encontro, admitindo que perderia a votação, mas garantindo que não entregará os pontos. “Não é renúncia, ao contrário. Não vou participar dessa palhaçada. Não estou renunciando, vou brigar para continuar aqui”, afirmou o presidente, que deixou o local sem acompanhar os desdobramentos.
No pronunciamento, o dirigente ressaltou feitos de sua gestão. Citou salários em dia há sete meses, contrato com a Adidas, acordo com a Multipark, planejamento para o novo alojamento da base e a arrecadação de mais de R$ 3 bilhões. Também mencionou a auditoria, que já teria sido entregue ao Conselho Fiscal.
“Espero que a torcida cobre isso. A minha parte eu fiz”, completou.
Motivos e contexto
O pedido de impeachment teve como base denúncias de irregularidades no contrato de patrocínio com a VaideBet, infrações à Lei Geral do Esporte e descumprimento do estatuto do clube. Além disso, na semana passada, Augusto foi formalmente indiciado pela Polícia Civil, o que aumentou a pressão política e institucional para seu afastamento.
A defesa tentou barrar a reunião na Justiça, mas não teve sucesso. Enquanto isso, aliados ainda articulam uma reação para tentar reverter o cenário na votação dos sócios.
Eleito no fim de 2023, Augusto Melo encerrou 16 anos de domínio do grupo Renovação e Transparência e prometeu um novo Corinthians. Mas desde o início da gestão, sua passagem foi marcada por polêmicas, trocas no comando do futebol, promessas de reorganização financeira e embates internos.
Apesar disso, teve o título paulista de 2025 como principal conquista esportiva, além de contratos comerciais de peso. Agora, tenta evitar que seu projeto seja interrompido em menos de dois anos.